Untitled # 8

Nesgas agudas do areal
E gaivotas que voais em redor do navio,
Tornai o meu cérebro mole,
- Esmeralda viva do Canal
E desertos inundados de sol! -
Meu pobre cérebro inconsequente e doentio!

No qual uma rede se desenha,
Complicada de sofrimentos irregulares
- Águas que filtrais na areia! -
Antes que o crepúsculo venha,
O crepúsculo e as larvas tumulares,
A impureza inútil dissolvei-a.

Que o sol sem mancha, o cristal sereno,
Volatilize ao seu doce calor
A fria e exangue liquescência.
Um hálito! Não embaciará de veneno
Indecisa, incolor
Do azul o brilho e a viva transparência.

Recortes vivos das areias,
Tomai meu corpo e abride-lhes as veias.
O meu sangue entornai-o,
Difundi-o sob o rútilo sol,
Na areia branca como um lençol,
- Ao sol triunfante, sob o qual desmaio.

Camilo Pessanha (1867-1926)

harrowdown hill

and i'm coming home
i'm coming home
to make it all right
so dry your eyes
we think the same things at the same time
we just can’t do anything about it
we think the same things at the same time
there are too many of us so you can’t
there are too many of us so you can’t count
it was me walking to the back of harrowdown hill
it was a slippery slippery slippery slope
i felt me slipping in and out of consciousness
i feel me...

Thom Yorke (2006)

Untitled # 7

O que fazer quando ela chama por mim?

Tantas coisas perdem o sentido.
Procuro-me, refaco
e tudo ainda parece possuir tantas indagacoes.
A minha sombra torna-se reinvencao,
o meu olhar uma palavra que morde e sangra.

O que fazer quando ela chama por mim?

Queria ter um ouvido capaz de ouvir a chuva de sementes
no mato e nao se confundir.
Um coracao capaz de tocar Lizt sem pressa
e ao mesmo tempo nao silenciar, nem estagnar.
Uma alma capaz de dormir sem febre
e um corpo que nao acordasse a meio da noite
so para constatar que ainda e madrugada antes do clarear.

O que fazer quando ela chama por mim?
Sim, ela, a inevitavel.

-E-

Contra os Portugueses!

"...nem te passa a campanha que por aqui anda, contra o Ronaldo, por exemplo. Além disso, os comentadores da própria BBC, durante o jogo de ontem, foram, no mínimo, tendenciosos na análise, passando mesmo à fase do mal-criadismo. De cada vez que um jogador português caía, eles nem esperavam pela repetição, para dizer que não era nada.

Em relação ao Ricardo Carvalho, disseram que este já se tinha envolvido em muitas polémicas neste mundial, sobretudo na "calcadela" do Rooney (suponho que o culpam por ele se ter deixado calcar...).

Para quem gosta de futebol, e tem paixão por ele, e porque, como se diz, "quem não se sente...", tem sido muito difícil andar por aqui, sem desatar à estalada a muita gente.

A dita tolerância e educação dos ingleses, não passa duma película de pele muito fina, que estala mal algo não vai de encontro aos seus desejos. Mas isto não foi só em relação aos portugueses. Tem tratado o Sven Goran Eriksson com uma deselegância extrema, sobretudo as televisões (BBC incluída).

É deixar andar. Na história dos Mundiais, daqui por uns anos, só se olhará à classificação das equipas, e quanto a isso, estamos conversados..."

E. Mendes

Mais um dia de chuva

No meio do silencio interno, uma explosao. O excesso de energia amordacado ja nao podia mais ser contido. Barreiras sao rompidas, paredes derrubadas, arvores arrancadas. Lagrimas vazam e sorrisos acendem-se. Sentimentos desconexos, frutos de um furacao em mim. Pensamentos confusos, personificados em palavras desvairadas. Caos e desordem conjugam-se no vento e na chuva. E eu, ainda vivo deixo-me levar.

-E-

Untitled # 6

Falo do silencio,
Pois ele nao tem esconderijos.
Falo do som de palavra alguma,
Ele traduz-me os significados.

Expiro a desistencia gramatical,
Inspiro a verdade pantomima,
Soluço a falta de lirismo,
Enveneno-me com a liquidez do verso.

Falo de silencios,
O restrito,
O expandido...

Mas nunca, nunca,
Do vazio.

-E-

Maybe Tomorrow

I've been down and
I'm wondering why
These little black clouds
Keep walking around
With me,
With me.

It wastes time
And I'd rather be high
Think I'll walk me outside
And buy a rainbow smile
But be free
They're all free

So maybe tomorrow
I'll find my way home.

K. Jones (2003)

Just

Just don’t want to look back and wonder how it could have been….that’s reason why I’m here …and you know it!

-E-

25 anos

Ha 25 anos quis Ele que nos deixasses.

Se assim nao acontecesse,
Provavelmente nao seria quem sou,
Provavelmente nao estaria onde estou,
Provavelmente tudo seria diferente, ou talvez nao.

Obrigado por teres sido quem foste.
Nunca te esqueceremos.

-E-